sábado, 24 de dezembro de 2011

Guerra e Paz: O dia em que limpei meu quarto.

De hoje não passa! Pensei. Eu preciso arrumar meu quarto. Sou sincera, há meses ele não vê limpeza. Tinha até uma poeira ensaiando um suicídio no meu lustre.
Meu filho entra no quarto e diz: - " Ahnnnnnnnn, deve ter uns dois quilos de poeira aí!" Tive que concordar com ele. Se bem que era uma poeira disfarçada, escondida. Nesta hora também vale a frase: quem vê cara, não vê coração! Entrando no meu quarto, o disfarce era perfeito, tudo organizado, mas uma fina camada de poeira cobria tudo. Ok! Estou mentindo. Uma GROSSA camada de poeira adormecia sobre cd´s, dvd´s, livros que estão na fila da leitura.
Fiquei muito triste por desalojar umas dez famílias de traças e ter que matar uma mini-aranha na véspera do Natal. Talvez elas estivessem adorando a casa nova: conteineres que guardo embaixo da cama. Limpei a TV, fresca TV que precisa de pano especial. LED? LCD? Sei lá! Só sei que até hoje não descobri todas as suas funções.
Demoro a limpar, mas quando limpo, nem os furos dos tijolos que estão cobertos de cimento e tinta escapam! Ahhhhhh, deixa eu exagerar, é só para competir com o exagero de bolos de poeira que estão passando por mim.
Uma moeda de 10 centavos. Como veio parar no meio dos meus cd´s se não entro com minha bolsa no meu quarto? O Dino cor-de-rosa (empoeirado, é lógico!), presente do meu sobrinho e do Mac Donald protegia a moeda e alguns cd´s. Como posso ter tantos cd´s? Apesar de só ter dois ouvidos, eu os ouço.
Surpresa foi ver minha DEVEDETECA (existe isto?). Tenho filmes, musicais e até um curso de UBUNTU. Isto não é macumba, eu juro! kkkkkkkkkkkkkk Tinha esquecido do meu DVD duplo da Diane Schurr e Etta James. Um achado e tanto no site das Lojas Americanas. Fiquei feliz de tê-lo e revê-lo. DVD´s repousam agora, simetricamente em ordem alfabética e SEM POEIRA. Quis fazer uma promessa de visitá-los mais. Culpei o tempo pelo o afastamento.
Eu me perdoo pela incrível poeirada (já disse, disfarçada). Passei um ano em que só tive tempo para leituras acadêmicas, trabalho e estágio e trinta e seis provas em um semestre. Isto é humanamente impossível. Mas se eu fiz, deixa de ser humanamente impossível, ou então, eu não sou humana. Estou propensa a ficar com a segunda opção.
E a limpeza continua (estou devidamente paramentada com máscara). Vou descobrindo um monte de coisas que haviam se perdido nos meus doze metros quadrados: um massageador de cabeça, velas, essências, mais cd´s, quatro dicionários (????). Acreditem, encontro cada palavra em meus livros da faculdade que só um dicionário não resolve, às vezes, nenhum dos quatro. Nada que uma GOOGADA não resolva. Achei um anjo, um duende (gente, por favor, são estatuazinhas), muitos incensos, lâmpadas, potinhos variados, microfone. MICROFONE? Lembro que veio junto com um DVD player que nem tenho mais. Tinha a função de karaokê que nunca usei.
Meu sininho da felicidade (sem duplo sentido!), já nem se move. Enrosca-se em suas próprias cordas e sufoca-se na poeira. Dou um jeito também.
Um acidente terrível acontece! Deixo cair a raridade de um Pink Floyd duplo. Cd do meu namorado, idolatrado por ele. Ai! Sem comentários...
Encontro mais coisas: um controle remoto sem função, mais uma família de traças no meu porta-controles.
Ligo o aspirador. Dizimo famílias de aranhinhas, começo ver a cor original do rodapé e revejo o fio da antena. Olá! Há quanto tempo!
Mais coisas: manual da TV que nunca li, limpar o aquecedor e guardá-lo na caixa, ambos empoeirados.
Descubro porque meu cd player toca mal: poeira. A flanela pede arrego, intoxicação total.
Tento entender por que meu abajur está sem a cúpula. Pairam ambos um ao lado do outro.
Uma mini-aranha se joga sobre mim. Leva um tabefão! E eu que que lutei pela preservação da natureza o ano inteiro. Mas...cada um no seu quadrado.
Redescubro que meu telefone é preto e não cinza claro. Encontro uma tampa de caneta, um pedaço de chocolate (não sei como escapou da minha boca!), uma pedrinha (?). Aspiro algo azul, não foi nenhum dos meus olhos, então nunca descobrirei, talvez um dia sinta falta.
Os ácaros, companheiros meus de colchão, dizem adeus. Com a quantidade de cabelo que encontro, faria uma peruca fácil-fácil.
Meu coelho porta-celular sorri para mim aliviado e agradece a limpeza.
Dino, já limpo, tomando conta de alguns cd´s

O coelhinho desintoxicado.

Que delícia! Tudo com perfume de rosas.
Eu sempre digo que tempo é prioridade, e limpar meu quarto assim, tão profundamente, não foi umas das minhas por estes meses.
Terminei!
Limpeza assim só ano que vem! Mas ano que vem já está logo ali! É... mas por acaso estou dizendo o mês?

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