segunda-feira, 9 de julho de 2012

SOCIEDADE VIVA CAZUZA - Sociedade de um poeta morto?





Há meses tento escrever este blog. Sabia o que queria escrever, mas as palavras não vinham, pois elas ainda se mostravam como sentimentos, muitos deles. Bons sentimentos, para começar a história. Frequentemente cismo com certas pessoas, lugares, situações. Preciso conhecer, resolver, tocar. Só sossego quando faço. Foi assim que apareceu como um letreiro na frente dos meus olhos: SOCIEDADE VIVA CAZUZA. Por que? Não sei. Minhas cismas corriqueiras. Preciso ir lá, quero ir lá, eu VOU lá! Santa internet que me iluminou. Em um instante li tudo sobre a Sociedade e em alguns minutos já estava marcando uma visita. Deixo aqui minha primeira impressão: o atendimento, esqueci o nome da pessoa, foi terno, educado. Gostei !! Marquei para uma quinta-feira (dia aberto à visitação). Fiquei muito contente, mas infelizmente não pude ir. Liguei avisando e uma outra pessoa com voz ainda mais carinhosa me agradeceu por ter ligado para desmarcar. Educação gera educação. Tentei remarcar, mas na quinta-feira seguinte a visita não poderia ser feita. Tristeza. Ah, tá bom, ligo depois para marcar novamente. Esse "depois" se transformou em alguns meses. A ideia insistia e a vontade também. Por que? Talvez por estar cursando Pedagogia. Tantas coisas aprendi, tantas realidades presenciei, tantos sonhos desmoronaram. Em momento algum a palavra pena veio à cabeça (agora sim!). AIDS, AIDS, AIDS. Pequenos que não escolheram isso. Maiores que convivem e centenas que sobrevivem. AIDS, AIDS, AIDS. Sinto-me impotente diante dela. Mas vejo que sua cara feia, já foi amenizada. Infelizmente às custas de muitas mortes e de muitos remédios vitalícios. Finalmente marquei a visita (outra voz doce me atendeu). Desta vez eu vou. Fui, mas não foi fácil chegar, principalmente para quem não é do Rio. Não é um local de fácil acesso. Mas eu estava lá, na hora marcada. O portão se abriu e Pedro sorriu! Pedro seria nossos anfitrião. E que anfitrião! Surpresas do início ao fim! Surpresa ao chegar, ao sentir o ambiente. Esquecer a imagem pré-concebida de um-lugar-de-crianças-doentinhas. Onde estavam elas? Nunca vou achá-las. Que lugar agradável. Diria: um ambiente harmonioso. Uma energia boa no ar. Energia de gente boa, comprometida. E eu ainda não tinha conhecido mais ninguém, além do Pedro. Ali se trabalha. E muito. O tempo todo, 24 horas por dia, 7 dias na semana, o ano inteiro. Não são voluntários, pois esses vem e vão, e sim funcionários, que mais tarde pude conhecer alguns. Todos com olhar de segurança, responsabilidade e repetindo: comprometimento. Todos os ambientes limpíssimos, organizados. Apesar dos quartos coletivos, a individualidade dos adolescentes é mantida, cada um com seu armário, seus móveis, seu cantinho personalizado. Todos estudam. A sociedade possui um transporte que leva os menores à escola. Já os maiores vão sózinhos. A Sociedade não é uma sala, como geralmente se apresentam a maioria das entidades. É um lar, uma família de convivência ampla, diária e obrigatoriamente harmoniosa. Não ver a palavra "obrigatoriamente" como algo limitador, Ela é resultado do trabalho incessante que presenciei. É ruim escrever isto: mas foi preciso Cazuza ir, para que esta obra pudesse acontecer. Se sou fã de Cazuza? Sou fã da sensibilidade dele. Nunca me identifiquei com a pessoa dele, com a loucura exposta, de se matar aos poucos. Mas eu entendo quem vive com o coração nos olhos, nas mãos, na cabeça, porque no peito ele não cabe mais. Entendo quando se sofre pelo o outro, quando se briga por justiça, quando gritamos por amor ou por indignação. Esta é a minha ligação com Cazuza: o excesso de sensibilidade. Ou você se blinda ou você morre. EU VIVO, ELE MORRE. Morre no corpo, mas a Sociedade Viva Cazuza o abriga. Ele está ali em cada espaço. Faz parte do show dele não ter partido totalmente. Sorte de muitos!

Pedro o anfitrião gente boa.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O discurso dos Chefes de Estado na Rio +20 é sempre o mesmo: falam o que já sabemos, falam do que já fizeram em seus países - feitos esses que nunca vemos os resultados, e que algo precisa ser feito. Para que serve mesmo a Rio +20? Não é para isso? PARA QUE ALGO SEJA FEITO.
Falam da fome, da Educação (ou seria melhor: do pouco acesso à ela), falam da Saúde (ou da falta de uma assistência de qualidade). Os países pobres falam em hegemonia, que sabemos que nunca existirá. Os países ricos querem mais lucros. Falam da Paz, mas não fazem nada para que ela reine. É um blá-blá-blá interminável. Nada de ações efetivas. Cada país fica esperando que o outro faça. Se o outro país poluir menos, eu posso poluir mais! Dá-lhe crédito de carbono. Quem compra? Quem vende?
Por enquanto o passado impera, o presente é uma incógnita (porque ninguém sabe realmente a verdade ou as verdades sobre os assuntos em questão, nem para aonde ir). O futuro? Está distante ainda. Por enquanto deixo aqui o que estou vendo: AÇÃO ZERO! Que eu esteja errada.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

PROJETO DOCE CULTURA: O QUE É?

 Algumas pessoas têm me perguntado o que vem a ser o PROJETO DOCE CULTURA. Hoje consegui um tempinho para blogar sobre o assunto. Adoro aprender. Vivo correndo atrás de cursos, exposições, concertos, livros, cd´s, etc, etc. Se tenho acesso a tudo isso? NÃO! Cultura é algo caro. Muito caro. Vou a eventos sim, mas a maioria gratuitos. Mas pelo menos consigo IR. Como estou lidando diariamente e diretamente com a Educação, percebo que a camada social menos privilegiada ou POBRE, para não enfeitar tanto a situação, NÃO tem direito a Cultura. Poderosos não querem seres pensantes. Seriam uma ameaça! Então decidi fazer algo parecido com aquela historinha de devolver as conchinhas para o mar: cada um fazendo a sua parte a coisa anda. Não faço por todos, mas posso fazer por alguns. Entrando na onda da reciclagem e reaproveitamento de materiais, inventei umas caixinhas e uns marcadores de páginas feitos com embalagens de leite. Como gosto de fazer doces, decidi, então, juntar o útil com o agradável: as caixinhas e os meus doces. Nasceu assim o PROJETO DOCE CULTURA. Inicialmente meu intuito era com o dinheiro arrecadado comprar livros e levar uma criança/adolescente a um passeio, algo no gênero. Bem, a realidade se mostrou outra: "minhas" crianças não tem lápis, borracha, etc. Ou seja: o básico! Então, decidi que primeiramente vou partir para esse lado: a aquisição de materiais. Estou também me aprofundando na situação social das "minhas' crianças. Onde nascem suas carências. É um longo trabalho de pesquisa e nada "agradável" de ser feito. A realidade tem se mostrado dura, muito dura. Não só pelas histórias de cada um (essa cada um carrega por si), mas com o descaso generalizado de todas as esferas governamentais. Tem muita gente trabalhando também. Trabalho bonito e bem feito. São os que amam a EDUCAÇÃO em todos os seus sentidos. Meu "projetinho" está dando certo, com passos pequeninos, mas muito cuidadosos. Ele se afastou um pouco da ideia inicial, mas descobri que o ínício dele começa de uma outra maneira. Primeiro atenderei o básico do básico: material escolar. Depois, aos poucos, vou conseguir atingir o meu objetivo maior: museus, teatro, passeios, exposições. Aguardem e confiem! Será legal para todos! Desde já agradeço a todos os que já me ajudaram!

OBSERVAÇÕES

MEUS PENSAMENTOS SE PERDEM:
CONFUSÕES MENTAIS.
SAUDADE DE MÃOS DADAS COM O DESAPEGO.
ABRAÇO QUE NÃO VEM,
SENTIMENTOS QUE NÃO EXISTEM E
QUE QUEREM SE INVENTAR.
OLHAR QUE NÃO CHEGA.
PALAVRAS QUE NÃO OUÇO.
MENTIRAS QUE INVENTEI
PARA ME ENGANAR.
SORRISO QUE NÃO VEJO.
GRITO QUE ACUMULO.
LÁGRIMA QUE SECO.
ORGULHO QUE ME ENVENENA.
PENA QUE DÁ.
IDIOTICES DE SER HUMANO,
DE HUMANO SER.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A Mãe de Cada Um.

Mãe não deveria morrer. Já disseram isso várias vezes. Não que eu esteja tentando livrar a minha barra, não querendo o encontro com a Dona do Meu Futuro Certo (a morte). Eu digo mãe da gente, aquela que nos gerou. Quanto a mim, deixo certos sentimentos para que meu filho lide um dia com eles. Hoje eu fui ao cemitério. Há oito anos minha mãe nos deixou. Quando era criança tinha pavor de pensar em passar na rua do cemitério. Hoje, pelo contrário, gosto até do cemitério. Tenho paz. Chorei, chorei muito, como há muito não chorava. Minha mãe não está ali, nem sei onde ela está e se está. Minha fé oscila por diversas opiniões e religiões. Não senti falta da minha mãe hoje. Sinto todos os dias. Por que todos os dias ela entrava no meu quarto para me dar um beijo de boa noite. Todos os dias conversávamos. Todos os dias ela amava o meu filho. e para quem é mãe (mãe amável, cônscia), sabe que cria nossa é quase algo intocável. e eu era cria dela. Fiquei pensando na palavra saudade e não concordo mais que ela seja usada do jeito que a usamos. Acho que deveriam existir duas palavras para designar saudade. Uma, que serviria para aquela saudade que sabemos que vai terminar quando encontrarmos a pessoa que está longe e dermos um longo abraço. E outra, que deveria ser usada para esta saudade que sinto, a saudade que não se mata. Uma tem um quê de alegria, outra só tem tristeza. Não adianta vir com o lado espiritual, que ela está bem, que um dia nos encontraremos, Isto não me interessa agora. Interessa o que eu SINTO agora: uma saudade que dói, que não termina em abraço. É o que mais sinto falta, de abraçar minha mãe, gesto que todos os dias eu fazia. Tenho tão boas lembranças. E com certeza é melhor lembrar assim. Como sempre fui meio louca, vivia agarrando ela e saía dançando pela cozinha. quando eu puxava um tango então, coitada, ela ria e reclamava: - Menina, assim você me quebra ao meio! Sei que ela ficava quietinha me ouvindo escondida cantando Panis Angelicus, música que ela adorava. Sei que ela tinha orgulho quando me via cantando no Coral de Petrópolis. Esteve sempre comigo quando precisei. E olhe que precisei muito. Fez por mim até mais do que eu precisei. Gostaria de ter feito o mesmo, talvez até tenha feito, mas da minha maneira: brincando, falando besteira. Era bom vê-la rindo. Uma vez tranquei ela e meu pai no quarto e fiz um super café da manhã para eles, até com croque monsieur (besta eu!). A reação foi hilária, a cara dos dois e eu falando o menu em francês rsrs! Outra vez, entrei pulando em cima da cama, quando eles se preparavam para dormir e comecei a cantar: MINHA VIDA, ERA UM PALCO ILUMINADOOOOOOOOOO. Minha mãe detestava Silvio Caldas e meu pai adorava. De um lado eu sacaneava e de outro eu homenageava. Os dois só balançavam a cabeça, riam e viam que a raspa do tacho tinha vindo com defeito grave de fabricação. Fazer o que a não ser me amar assim. Nunca fui coberta do beijos e abraços, mas sempre estiveram ao meu lado. E meu pai continua até hoje. Somos bem mais ligados agora. Hoje falo, me exponho, solto o verbo, porque aprendi que palavras guardadas não fazem bem, somatizamos. Não saio por aí falando. Falo para quem é importante para mim! Para quem tem lugar na minha vida. Falo através do olhar, dos meus risos e sorrisos, dos meus poemas, do blog que você lê e que eu escrevo agora. Falei hoje para minha mãe através do meu choro, lágrimas que deixei no granito preto e que se coloriram com a luz do sol. Não, eu não me acostumei com sua ausência, tenho que aceitar, é diferente. Foi-me imposta. Não, eu não sinto mais saudades. Tenho um sentimento cuja  palavra, como já disse no texto, ainda não foi criada. É uma grande mistura aqui dentro. Também para que definir? Vai adiantar alguma coisa?
Minha mãe e meu filho.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Silêncios e Segredos

Fecho a minha boca
    palavras que não devem ser ditas.

Fecha a sua boca
    palavras que não podem ser ditas
          Beijos nos calam
               palavras medrosas
          sons não emitidos
                                  tumorizam-se
engasgados
           pessoas tumorizadas.
Há de ter um fim...
   palavras escaparão.
Corpos fugirão.
                     Corpos medrosos
sentem o que não podem.
Há de ter um fim.
Há de ter um último toque,
               um último olhar
                               triste e medroso.
Uma última gota de suor,
dedos fugidios...
Segredos medrosos
               medo do feliz
               medo da bagunça interna
palavras contidas
Não
                 podem
ter            
                 existência.
Cale-se
                e eu me calo.
Agora.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Do Que Preciso

Um dia criei um personagem (apesar de verdadeiro), a quem disse: "- Não sou uma mulher óbvia!". Acho que ele está tentando entender até hoje o que eu quis dizer com isto. Não. Não sou louca por sapatos, nem coleciono bolsas. Detesto experimentar roupas ou perder muito tempo em vitrines. Se preciso de algo, é aquele algo que comprarei. Amo perfumes, tenho muitos, e uso todos eles. Se perfume é personalidade, xiiiiiiiiii, tenho muitas então!
Adoro tecnologia e quando pouco se falava em computadores, eu já fazia cursos na área. Mas isto não quer dizer que eu queira ter o iPad 6. Um telefone celular bombril que só falta atender em francês. Não precisa ter cam, bluetooth, teclado qwert.  Preciso de um celular sim, mas que só fale, ou de preferência que eu ouça mais as pessoas. Economizo até, pois passo muitas mensagens. Não preciso de um notebook last generation, ou um laptop new sensation. Sabem qual é a diferença? Nenhuma.
Eu preciso da simplicidade.
Se eu vivo sem computador? Claro que sim! Tem gente que duvida. Mas hoje, ele é necessário, e muito, para mim que faço faculdade semi-presencial. Mas não vivo sem me comunicar, e este tem sido o meu melhor meio. Adoro navegar, viajar, futucar na net, mas para descobrir gente, idéias e muitas coisas que só tem me acrescentado. Porcaria, você só vê se quiser. Conhece o ESC e o DEL?
Eu ainda tenho Orkut e não pretendo deletá-lo. Detesto tuitar!
Não quero um amontoado de tecnologias, nem um amontoado de coisa alguma. A cada dia me desfaço de algo e percebo que fico melhor assim. Armários fáceis de arrumar, objetos fáceis de encontrar.
Não quero jóias, nem grifes. Quero o básico para ser feliz, gente legal ao meu redor e tenho conseguido isto. Se bem que o básico de cada um é sempre diferente. Não sofro mais por não TER. Gostaria de PODER. Mas se ainda não posso, é porque não chegou a hora! E TER não é PODER, não me venham com essa história! Gostaria de viajar, de poder comprar todos os livros que quero, ir ao teatro, cinema. Isto me faz falta: queria ter um acesso irrestrito à cultura. Queria isto para todos. Viajei, não é?
Quero acumular riquezas sim, ser ricas de histórias, de amizades, de amores, sejam eles quais forem e de que tipo forem ( Geraldo Azevedo já dizia: qualquer maneira de amor vale amar, qualquer maneira de amor vale a pena). Isto sim preenche minh'alma. Quanto às coisas materiais, elas se vão, são ultrapassadas, caducam. Eu também passarei, minhs idéias mudarão, mas terei minhas histórias, minhas imagens. E estas não se perdem , só acrescentam mais páginas ao livro que estou escrevendo dia a dia. O livro da minha vida.



Esta é uma imagem qua vale a pena TER!